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INOVAÇÃO COM ÉTICA

Utopia, questão de tempo ou apenas mais uma onda?

Texto original em medium.com

Hoje gostaria de manter a discussão sobre sucesso e impacto nos negócios. Então, o que quero falar é, não só isso, como a Inovação já é estratégia para qualquer organização que busca o sucesso, mas como essa busca pela inovação pode ser paradigmática para o que é considerado hoje como um “must have” em termos de estratégia para que cada organização se torne ainda mais competitiva: Sustentabilidade.

Assim, a principal questão a ser respondida provavelmente é: “como posso me tornar ainda mais capaz de entregar meus produtos e serviços aos meus clientes e ao mesmo tempo fazer isso tendo em mente que devo melhorar não só a vida deles, mas também a do resto do planeta? Parece algo difícil de lidar, certo?

Seria a mesma coisa, “Inovação Social” e “Inovação de negócios”? Existe alguma diferença entre eles? O que é?


Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/homem-corrida-t%C3%BAnel-bon%C3%A9-pessoa-4749210/

Desde Schumpeter (1982), o conceito de inovação centra-se predominantemente nos desenvolvimentos económicos e técnicos, enquanto as ciências sociais estavam particularmente interessadas nos processos e efeitos sociais correspondentes (Harrison, 2012). Geoff Mulgan (2006) afirmou que a inovação pode ser direcionada para significado social e empresarial. Segundo ele, a inovação social refere-se a atividades e serviços inovadores que são motivados pelo objetivo de satisfazer uma necessidade social e que são predominantemente difundidos através de organizações cujos objetivos principais são sociais. Por outro lado, a inovação empresarial é geralmente motivada pela maximização do lucro e difundida através de organizações que a praticam.

Como expliquei em nosso post “Pensando Dentro da Caixa”, para entender algumas “problemas perversos” precisamos deixar de lado a maneira como sempre lidamos com nossos dilemas e passar a pensar de forma diferente… Alguns temas como “Ética” não podem ser considerados como um conceito muito “preto ou branco”.

Que tal analisarmos esse assunto com uma lógica diferente?

De acordo com Henri Lefebvre (1975) a lógica formal — ou “lei da identidade no ser” – diz que qualquer objeto só pode ser diferenciado de outro por suas próprias propriedades específicas. Em outras palavras, o que torna os objetos A e B distintos é que eles possuem propriedades diferentes. Portanto, se o objeto A e o objeto B têm suas propriedades em comum — isto é, se A e B são indiscerníveis — então eles são idênticos. Por outro lado, ao contrário da lógica formal, a lei da lógica dialética é que tudo é mediado, portanto tudo é ele mesmo e ao mesmo tempo não é ele mesmo. “A é não-A.” A é negado.

Em suma, nossa lógica — a formal — visa procurar relações causais, ou seja, relação entre causa e efeito para analisar qualquer situação dada. Porém, a lógica dialética tem como ideia principal utilizar contradições ou paradoxos como principal unidade de análise, mas isso não significa que dela esteja excluída a ideia de algo ser “complementar” a outro. Então “Inovação Empresarial” pode ser A, “Inovação Social” pode ser B e ambas podem ser o contrário e/ou iguais ao mesmo tempo… [nossa, isso é demais pra mim…]

Ao considerar a diferença entre os dois conceitos de inovação — social e empresarial — é possível dizer que eles não são necessariamente diferentes, uma vez que suas características podem ser semelhantes: ambos têm atores envolvidos, certo? No entanto, os seus contextos e motivações são de facto diferentes. Para isso, quando colocadas no contexto do dia a dia das empresas, é possível dizer que elas são concorrentes.

Neste artigo pretendo mostrar uma avaliação dialética relacionando Inovação, Ética, Conhecimento e Atividades Sociais.

ÉTICA E INOVAÇÃO

De acordo com Denis Harrisson (2012), “os limites éticos foram ultrapassados mesmo com a primeira maçã vendida, resultando em sanções”. Isso significa que novos produtos, serviços e inovações devem ser cuidadosamente avaliados para determinar se violaram algum valor — princípio — para os envolvidos. Assim, analisando a própria ética de forma dialética é possível dizer que toda vez que alguém decide algo considerando seus próprios interesses, ou os interesses de um grupo menor do que os interesses de todos que podem estar envolvidos, estaria ele/ela sendo antiético? [Eita!!! Meu cérebro acabou de fritar aqui!! Como eu poderia saber disso?]


Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/%C3%A9tica-certo-errado-%C3%A9tico-moral-2991600/

É importante mencionar o conceito de “racionalidade limitada”, de Herbert Simon (1957), que tenta explicar por que “as pessoas tomam decisões consideradas erradas devido à sua falta de compreensão do assunto de uma maneira holística”. [isso sim… parece um pouco com alguns gurus da internet hein]. 

Como costumo dizer: lidar com o complexo está mais para fazer perguntas do que buscar explicações fáceis que não explicam quase nada… Ok! Cada pessoa tem conhecimentos diferentes em “quantidades” diferentes! Mas isso não me ajuda a lidar com o problema em si, certo? Surge então a segunda questão principal: como alguém pode entender o interesse de todos que podem estar envolvidos em qualquer assunto? Exatamente! Parece impossível, certo?

De acordo com o periódico Home Innovation (2012), “toda empresa — e, portanto, seu pessoal — faz parte de uma sociedade cujo pensamento e ações não existem dentro de um vácuo ético, mas estão enraizados em uma ordem empresarial, jurídica e social”. Para isso, podemos dizer que a questão sobre o propósito e a relevância ética envolvidos no desenvolvimento de inovações é legítima. E, no entanto, este assunto já é tratado pela organização há muito tempo.

Por exemplo, quando os conceitos modernos de administração impulsionaram as empresas a definirem as suas próprias missões, visões e valores, os autores já entendiam que algo sobre o tema deveria ser feito para lidar com este problema perverso que é desenvolver e/ou gerir uma organização de forma ética. Essas três afirmações diferentes têm seus próprios significados e funções como variáveis para controlá-las. Então, se uma empresa tem a missão de realizar alguma atividade que represente um grupo de pessoas, consequentemente, gera valor, e uma visão de fazê-la melhor e/ou de forma maior — gerar ainda mais valor, os valores  (ou princípios)  serão as restrições ou premissas nas quais essas finalidades e objetivos permanecerão e/ou serão cumpridos.

O PAPEL DO CONSUMIDOR

Segundo Domanski (2017), é necessário olhar para as regiões subdesenvolvidas para reconhecer os enormes desafios que as indústrias de alta tecnologia enfrentam. Os preços dos produtos são a principal propaganda dessas empresas, e isso indica que provavelmente há menos respeito ao meio ambiente e ao trabalho humano durante sua fabricação e ainda assim esses mesmos produtos e serviços são responsáveis por conscientizar esses consumidores, dando mais acesso a Informação. [Núh! Uma bela de uma cotnradição, não acha?]

Segundo a revista, a vontade de crescer ou a missão da empresa não são suficientes para justificar ações. As diretrizes corporativas são comumente violadas antes que a tinta usada para imprimí-la seque, e palavras da moda como “sustentabilidade” são rapidamente ofuscadas pela realidade. A inovação é chamada pelos desafios cada vez maiores, como a escassez de recursos. agora mais do que nunca — e isso inclui quando compram produtos de uso diário — os consumidores não estão apenas considerando se um produto é ecologicamente correto, mas também as circunstâncias gerais sob as quais esses produtos são fabricados (Home Innovation, 2012).

Devido a esse “novo” comportamento do consumidor, um conceito relacionado à sustentabilidade surge e se torna cada dia mais importante para as organizações: ESG, que significa ambiental, social e governança como principais investidores a aplicar esses fatores não financeiros como parte de suas análises processo para identificar riscos materiais e oportunidades de crescimento.

MAIS PERGUNTAS E REFLEXÕES

Agora, vamos pensar no significado disso tudo: estariam as organizações mais conscientes e sendo capazes de praticar princípios éticos durante a criação/produção de seus produtos e serviços ou apenas melhorando a cada dia o “gerenciamento dos riscos” relacionados à percepção do consumidor sobre seus próprios produtos? [ai! Você é um homem mau… :/]

Conforme mencionado em post anterior, “ESG não é sinônimo de sustentabilidade”. Não direciona o foco das organizações tradicionais para o impacto, mas busca ajudá-las a não “deixarem de olhar” para os elementos que compõem esta sigla. Então, “as estratégias ESG estão nos riscos Sociais, Ambientais e de Governança do negócio” [hmmm… :/]

Da mesma forma que a escassez é uma motivação para as empresas buscarem inovação, a abundância de informações pode ser considerada a motivação para esse novo comportamento do consumidor. O acesso à informação levou as pessoas a agirem de forma diferenciada e a criarem novos conhecimentos relacionados a produtos, serviços, aliás, também sobre as empresas responsáveis por criá-los e entregá-los. Podemos dizer que este comportamento do consumidor é um sinal da sua maturidade — conquistada por este acesso à informação? Esse comportamento nunca mudará? Além disso, será que tudo isso, no final das contas, está nos levando a um mundo melhor? [Cara… Pare de perguntar coisas que você não consegue responder!!]

A única coisa que posso dizer é que tenho dificuldade quando tento trazer momentos de nossa história — além de momentos quando algumas nações tiveram hiatos retrógrados associados ao surgimento de alguns sistemas políticos — em que nossa consciência sobre qualquer assunto realmente involuiu ao longo do tempo. Contudo, como posso separar as empresas dos clientes (ou cidadãos) e vice-versa? 

Tente me acompanhar: “se um executivo ou profissional faz algo que pode ser feito para mostrar que um produto ou serviço é “bom para o mundo” e, ao mesmo tempo, essas mesmas pessoas também são “cidadãos”, surge um paradoxo , certo? 

Portanto, acredito que se você leu este texto até aqui poderá responder à questão principal: Se a inovação está relacionada a agregar valor aos consumidores e usuários, isso significa que esta nova abordagem voltada a levar em conta ESG levará as empresas agregarem valor aos seus produtos e serviços e criarem soluções mais sustentáveis? ou será apenas mais uma onda?

Nosso mundo depende de você pensando nisso 😉

REFERÊNCIAS

  • Simon, Herbert A. 1957b, Models of Man, New York: John Wiley.
  • Harrison, J. D. (2012). “Small Businesses Created “Essentially Zero” Jobs in August,” Washington Post. September 6, 2012, and updated September 7, 2012. http://www.washingtonpost.com/business/onsmall-business/small-businesses-createdessentially-zero-jobs-in-august/2012/09/06/91da9a88-f84e-11e1-8253-3f495ae70650_story.html. Accessed on December 14, 2012.
  • Schumpeter J. Business cycles: a theoretical, historical and statistical analysis of the capitalist process. – New York: McGraw-Hill, 1982. – Vol. 1.
  • Mulgan, J. (2006) – The Process of Social Innovation, innovations TECHNOLOGY | GOVERNANCE |GLOBALIZATION.
  • Lefebvre, H. (1975). Logique formelle, logique dialectique, v–vi.
  • Domanski, D., Howaldt, J. & Schröder, A., Journal of Human Development and Capabilities, 2017.
  • Home Innovation. 2012. Ethics and Innovation: Do innovations have to be ethically correct? Home Innovation Consulting Network.
  • Pesquisa

  • Categoria

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