Bem, para começar a falar um pouco mais sobre isso vou trazer um pouco da minha história de amor (platônico) com a inovação. Sou formado em Engenharia Mecânica pela UERJ e, como quase todo bom engenheiro que morava no Rio de Janeiro, busquei trilhar uma carreira sólida em multinacionais do ramo de Petróleo. Por mais de 10 anos trabalhei com desenvolvimento de novos produtos e equipamentos para extração e produção de petróleo. Tudo isso mudou quando comecei a migrar da área de Desenvolvimento de produto para trabalhar mais diretamente com inovação. Na época foi bastante assustador, pois eu via muitas pessoas falando a respeito do tema, mas pouco sabia sobre seu significado, como fomentar e, principalmente, gerenciar essa tal inovação.

Dizem, que só existe um jeito de aprender as coisas, né? Pois bem, comecei a fazer inovação e estudá-la para poder cumprir com os objetivos que me foram dados. Fiz até um MBA na área e, apesar de começar a aprender diversas técnicas e processos sólidos, tinha a sensação de que a inovação parecia algo cada vez mais complicado. 

Após ler muitos livros (acredite, cheguei a ler mais de 50 por ano), alguns muito bons e outros nem tanto, comecei a perceber que inovação só parecia ser tão complicada pois as pessoas gostavam de torná-las assim :). Portanto, faça uma busca no google sobre “conceitos de inovação” e você terá uma centena de diferentes conceitos, de diferentes pessoas, famosas ou não. Sabe o que é mais engraçado em tudo isso? Nenhum deles estará totalmente certo ou totalmente errado. Pior ainda, acredito que jamais seremos capazes de ter total certeza a respeito disso.

Ufa!! A partir deste momento comecei a me sentir mais tranquilo quanto a saga que enfrentava para entender um pouco mais sobre o “amor da minha vida. A parte mais difícil e que precisamos aprender a lidar quando falamos e trabalhamos com inovação é que, apesar de não se tratar de um conceito novo, trata-se de um conhecimento em plena expansão, ou seja, dificilmente iremos aprender novos conceitos, técnicas e utilidades relacionadas a inovação que não sejam modificadas ou questionadas em um futuro bastante próximo. Por isso mesmo, muitas pessoas acabam por repelir a inovação em seu dia a dia. Afinal, nosso cérebro faz isso de maneira bastante natural, para evitar o esforço de aprendizado constante que a inovação, como uma disciplina em plena expansão, exige. Falaremos mais sobre esse modo de pensar e como fugir dele em um outro story.

Você deve estar se perguntando: “esse cara coloca um título dizendo que inovação é simples, mas até agora só falou que a inovação é difícil e provoca medo nas pessoas…”. Ok, você tem razão!! Por isso, faço a pergunta: afinal, o que é inovação?

Existem muitos mitos relacionados a inovação e vamos abordar alguns deles em uma outra oportunidade, mas muitas vezes vemos pessoas associando a inovação com ideias geniais (ou “geniosas”) que deve mudar completamente a vida das pessoas. Na verdade, inovação não precisa ser algo único e “fantástico”. Pensemos da seguinte maneira: imagine que você tem uma ideia, e que inclusive você acha que essa sua ideia é bem legal e que pode ajudar várias pessoas.

Podemos dizer que essa ideia é uma inovação? Eu sinto muito, mas se você ainda não conseguiu comprovar alguns pontos relacionados à capacidade que a sua ideia tem de realmente agregar valor à vida das pessoas, ser rentável, bem como o produto ou serviço final ser considerado perfeitamente exequível, sua ideia não passa de uma ideia, ou invenção…

Tripé da Inovação e conceitos
Fonte: Grand Designs Inovação

Como mostrado na figura anterior, podemos dizer que a inovação depende de um “tripé de fatores”. Para que uma ideia se torne uma inovação, precisamos tomar todas as providências para garantir que ela seja viável financeiramente, executável em termos de tecnologias e outros recursos intangíveis como o conhecimento e, principalmente, que ela seja desejável pelo cliente. Parece tão óbvio, mas a grande maioria das iniciativas de novos negócios estão muito mais preocupadas com os dois primeiros fatores deste tripé do que o último. Não à toa vemos com frequência “produtos fantásticos” que não agregam em nada na vida de alguém ou mesmo resolvem os problemas errados.

Se olharmos com calma, podemos analisar a inter-relação desse tripé que pode manter uma “inovação de pé”:

• Viabilidade + Executabilidade – Desejabilidade: Você criará uma solução que ninguém quer;
• Viabilidade + Desejabilidade– Executabilidade: Provavelmente você não conseguirá trazer o seu produto pro mercado por problemas técnicos por exemplo;
• Executabilidade + Desejabilidade – Viabilidade: Provavelmente você não conseguirá comprovar os recursos necessários para quem possa ajudá-lo a construir sua ideia.

Conceitos de Inovação para grandes personalidades
Fonte: Adaptado de Nick Skillicorn (https://www.ideatovalue.com/inno/nickskillicorn/2016/03/innovation-15-experts-share-innovation-definition/)

Como sugerido pelos especialistas acima, a inovação está muito associada a criação de valor, mas o que seria valor? Bem, valor é tudo que possa ser considerado como um benefício para o cliente. Portanto, resumindo, seja lá o que estejamos tentando fazer para abrir um novo negócio ou mesmo alavancar uma iniciativa dentro da empresa, podemos dizer que esta terá um objetivo tão elementar como esta minha simples definição do que poderia ser inovação:

“Inovar trata de fazer algo novo, que tenha ou gere valor, e dê certo.”

Portanto, podemos afirmar que inovação deve ser simples de ser compreendida, entretanto, deve ser considerado como algo sim complexo de ser praticado com sucesso. Por isso existem muitos métodos para fazer, gerir e continuar fazendo inovação. Nos vemos em um próximo texto, que falaremos sobre as diferenças entre invenção e inovação e claro, vamos desvendar algums “mitos da inovação”, ok?

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