EXPLORANDO A INOVAÇÃO NO DIA A DIA: UMA JORNADA PELO MUNDO DAS DECISÕES
Utopia, questão de tempo ou apenas mais uma onda?
Estamos vivendo em uma época muito interessante, onde apesar de ainda presenciarmos muita injustiça, conseguimos observar um movimento de positividade surgindo e a cada dia ganhando mais força. Você sabia que esse movimento não é oriundo apenas da boa vontade de algumas pessoas que tentam influenciar as outras para o bem? Em 2012, Peter Diamandis e Steven Kotler escreveram o livro Abundância[1] : O futuro é melhor do que você imagina.
No livro, os autores demonstram que o avanço tecnológico é um dos principais fatores para muitas de nossas conquistas nas últimas décadas e será também o motor da mudança positiva que o mundo precisa. Peter Diamandis e muitos outros pensadores defendem que o avanço tecnológico é exponencial, e não é muito difícil de acreditar nisso. Basta olharmos um pouco pra trás e lembrarmos de como eram nossas vidas há algumas décadas.
A exponencialidade do desenvolvimento tecnológico foi primeiramente levantado por Gordon Moore que constatou que o poder de processamento de computadores dobraria a cada 18 meses. Ele chegou a essa conclusão ao perceber que ano após ano sua empresa era capaz de produzir chips e outros periféricos com dobro do desempenho e com metade do preço (e na maioria das vezes também com a metade do tamanho).
É inegável que o acesso a novas tecnologias é, hoje, mais fácil para camadas mais inferiores da população. Este acesso se dá principalmente por conta dos Smartphones e a internet móvel. A quantidade de informação que um habitante da África que possua um Smartphone é hoje a mesma que somente o presidente Jorge Bush tinha ao fim da guerra fria. Mas como isso pode impactar em outras áreas de importante sobrevivência da raça humana?
Números mostram que no último século, a expectativa de vida do ser humano aumentou em 60% e isto está totalmente associado à políticas de acesso à água e controle e erradicação de muitas doenças. Claro, que ainda muitas pessoas no mundo são privadas de diversos bens de necessidades básicas como água, comida e abrigo.
O autor vai demonstrando no livro, através de números, que mesmo sem ter a intenção final de realmente promover desenvolvimento humano, áreas como saúde, educação, comunicação, acesso à água e comida estão tendo melhoras exponenciais, pois a maioria deles estão interconectados e podem ser influenciadas por inovações e avanço tecnológico.
Para mostrar essas dependências, Diamandis fez uma analogia com a pirâmide das necessidades de Abraham Maslow, reconhecido psicólogo americano que faleceu em 1970 mas seus estudos ainda são utilizados em diversas áreas, especialmente em Recursos Humanos e Marketing. A pirâmide de Maslow é composta, da base para o topo por: Fisiologia, Segurança, Relacionamento, Estima e por fim, Realização Pessoal.
A pirâmide da abundância, apesar de similar, tem suas peculiaridades e é composta da seguinte forma:
Para demonstrar como eles estão conectados, vamos pegar um exemplo de um jovem africano que vive bem abaixo da linha da pobreza. Por não possuir acesso à água, ele precisa caminhar ao menos 3 horas todos os dias para buscar água e depois disso também precisa de ao menos outras 2 horas para conseguir lenha para cozinhar e muitas vezes se aquecer. Essas horas gastas para se ter acesso à necessidades básicas praticamente minam suas chances de ter acesso e tempo para educação (mesmo que tivesse alguma à disposição), visto que boa parte do seu tempo e energia já foram gastos e por isso não há muito tempo para educação.
Para piorar, devido a necessidade de se utilizar energia através da biomassa (queima de madeira para cozinhar e se aquecer), o jovem tem sofrido diversos problemas respiratórios (pesquisas mostram que mais de 30% das infecções respiratórias registradas em hospitais são originadas por inalação desta fumaça). Um relatório da ONU de 2007 mostra que 90% de toda remoção de madeira neste continente serve apenas para “obtenção de energia”. Consegue imaginar o impacto disto também no desmatamento, que desencadeia em ainda maiores problemas com desastres e escassez de recursos?
Assim como o nosso jovem, mais de um bilhão de pessoas do mundo não têm acesso à água potável e como resultado, metade das hospitalizações em todo o mundo resultam de pessoas que consumem água contaminada, levando a morte de quase 2 milhões de crianças por ano no mundo.
Entretanto, um fenômeno muito interessante relacionado a tecnologia está acontecendo inclusive na África. Este continente pulou algumas etapas no desenvolvimento tecnológico como a era da eletricidade, telefone com fio, internet em computadores de mesa etc e estão vivendo de forma plena a era dos Smartphones e a internet 3G, pois por incrível que pareça, esta tecnologia foi com o tempo tão barateada que as empresas conseguiram encontrar modelos de negócios rentáveis mesmo para pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza.
Está bastante claro que a solução para problemas muito sérios como o de privação de uma vida dígna está diretamente ligado a educação e a necessidade desta ser totlamente revolucionada. Entretanto, antes faz se necessário ter conquistas maiores relacionadas as necessidades básicas como abrigo, comida e água. Esta Era de acesso à informação, mesmo para as pessoas que não possuem acesso as necessidades básicas, já começa a provocar uma mudança de comportamento no sentido de entendimento maior do problema por parte de quem o vive na pele.
Estamos ainda longe de resolvermos problemas tão tristes e sérios como esses, mas hoje podemos dizer que somos um planeta mais consciente de que precisamos resolvê-los. Diversas iniciativas tem sido feitas no sentido de utilizar a tecnologia em prol de melhorias da qualidade de vida e por isso podemos ver muitos empreendedores e startups trazendo soluções que estão realmente impactando o mundo de uma forma positiva.
Inovações como o projeto LOC (Lab-on-a-chip) que elimina a necessidade de equipamentos caros e pessoas altamente treinadas para conseguir diagnosticar, com apenas uma gota de sangue, diversas epidemias como HIV. Ou mesmo o MalariaSpotBubbles, um jogo onde as pessoas aprendem de forma divertida a identificar parasitas da malária em amostras de sangue. Por que? Porque o maior problema da malária ainda está no diagnóstico que toma certa de 30 minutos de um profissional de microscopia e infelizmente ainda não conseguiram achar um padrão para automatizar esta atividade.
Hoje temos acesso a informação, e saber como e o que fazer com todo esse conteúdo depende apenas de nós mesmos. As mídias de compartilhamento de conhecimento estão em todos os lugares e temos o poder de criar e divulgar o que quisermos e por isso, também a responsabilidade do que vamos criar e compartilhar é totalmente nossa!
Como dizia um amigo meu: “para fechar”, a Abundância não significa ter uma vida de luxo, mas sim de possibilidades! Os recursos não são escassos, na verdade são abundantes e ainda não estão acessíveis… ainda!
[1] Diamandis, Peter H. (2009): Abundância: O Futuro é melhor do que você imagina.
Utopia, questão de tempo ou apenas mais uma onda?
Utopia, questão de tempo ou apenas mais uma onda?
reflexões sobre aprendizagem, (des) apendizagem e aquilo que parece errado ou certo de se aprender em diferentes momentos da vida.