POR QUE O MICROEMPREENDEDOR TEM MEDO DE INOVAR E POR ONDE ELE DEVE COMEÇAR?
Um dos maiores dilemas da inovação para o microempreendedor é:
Por que e como inovar se eu ainda estou começando, sem muitos recursos, sem uma equipe de pessoas super criativas e sem conhecimento especializado?
A sua dúvida vai acabar assim que você terminar de ler este artigo. Pois é aqui mesmo que, em alguns minutinhos, irei destrinchar e desmistificar o que é inovação e provar que encarar ela como algo simples e acessível será o diferencial para você crescer e brilhar.
Vamos por partes.
1. O que andam falando de inovação por aí só complica as coisas
Nos livros, na internet e “na boca do povo” a inovação é explicada de um milhão de formas diferentes. E mais de 90% dessas definições te induzem a acreditar que a inovação precisa necessariamente ser algo que ninguém nunca pensou, revolucionário, tecnológico e que o mundo inteiro irá desejar. Percebeu como isso não te motiva? Pelo contrário. Isso vai tornando a inovação algo inacessível, exclusivo e restrito.
É hora de simplificar. Não acha?
Inovação é simplesmente qualquer coisa que atenda a três critérios básicos, como um tripé:
Desejável: Algo muito bonito e tecnológico e que não tem utilidade para ninguém não é inovação. Por isso você precisa encontrar clientes reais para a sua criação. Por exemplo, eu posso criar um novo tipo de roupa que mantém a pessoa aquecida e tentar vendê-la em Salvador, na Bahia. Pergunte a si mesmo “Alguém em Salvador desejaria comprar roupas que mantêm o calor?” É enormemente improvável. Mas em locais frios, esse material teria mais chances de ser um sucesso de vendas. Percebeu que esse critério depende também do contexto, do ambiente e onde é o mercado em que você apresenta a sua ideia?
Executável: Aposto que você já quis se teletransportar alguma vez. Já pensou como poderia ficar rico caso tivesse máquinas de teletransporte para vender? Mas pare e pense: você sabe fazer uma? A tecnologia existe? E se já existisse, ela já estaria em um nível confiável e seguro para a venda? É melhor voltar atrás e pensar em algo executável, ou seja, algo que você saiba desenvolver ou de um domínio de conhecimento com pessoas disponíveis para você contratar e que saberão como criar e colocar essa ideia em prática. Percebeu que esse critério está associado ao seu conhecimento e à disponibilidade dele no seu contexto (Existe fornecedores para isso? Você pode pagar esses fornecedores ou funcionários?)?
Viável: Além de resolver os dois critérios acima, você consegue fazer as pessoas pagarem por isso? É possível construir um negócio rentável em torno de sua ideia ou solução? Você gerou lucro ou reduziu custos com a sua ideia? Se não conseguiu fazer nenhum destes, você não terá o tripé formado e sua ideia não ficará de pé. No sentido literal, você não conseguirá prosseguir desenvolvendo e vendendo sua ideia se o modelo de negócios não é sustentável, se ele não se paga, resumindo, ele não é viável.
Então, caro leitor inovador, quando falarem de inovação, basta pensar nesse tripé. Simples, objetivo e completo.
2. Chegou a hora de derrubar os 3 mitos da inovação
Quando você lembra de alguém muito famoso por ter criado algo (Steve Jobs, Roberto Marinho, Bill Gates, Jeff Bezos da Amazon etc.) você os vê como Super-homem ou como o Batman?
Se você os vê como super-homens, isso precisa acabar hoje (assim espero).
Lembremos que a inovação é algo desejável, criado para elevar o valor percebido pelas pessoas sobre um produto, tornando-o mais caro, rentável e querido.
Também pode ser algo criado para reduzir os custos, tornando o negócio mais viável, lucrativo e sustentável.
O resultado, em resumo, sempre será a criação de uma vantagem competitiva. Isso mesmo! Quando você inova, você terá uma vantagem competitiva sobre seus concorrentes e é por isso que ou você inova e cria essa vantagem ou outro criará e será você quem ficará para trás, não importando o tamanho ou tipo de seu negócio.
No primeiro caso, temos Steve Jobs, obcecado em agregar valor aos produtos por meio de melhorias no design, na performance e no significado de seus produtos.
No segundo caso temos Jeff Bezos, CEO da Amazon, que já fez diversas mudanças de modelo de negócios reduzindo custos ou reinventando a forma de ganhar dinheiro sem mexer em quase nada de sua estrutura de negócios. A Amazon, já possuindo infraestrutura em servidores, decidiu alugar esse espaço na nuvem para empresas que necessitam guardar certa quantidade de arquivos e disponibilizá-los com fluidez e segurança para seus clientes.
A Amazon também possui o Kindle, que permite que você leia livros em formato digital em um aparelho que simula a experiência de um livro, reduzindo o impacto ambiental e os custos com logística que seriam necessários ao envio de um livro tradicional.
Ambos foram muito mais Batman que Super-homem. Nenhum deles tem um poder sobrenatural sobre o que fizeram. Tudo foi resultado de estudo sobre o ambiente e os fatores que constituem seus respectivos negócios e diversas tentativas de melhorias até chegar no ponto de sucesso.
Mito 1: Inovação surge de ideias que ninguém nunca pensou antes.
A IBM não inventou o computador pessoal;
A Apple não inventou a tecnologia de mp3;
A Amazon não inventou a venda online de livros.
Isso prova que você não precisa inventar algo do nada, do zero ou do impensável para criar uma inovação de sucesso.
Na verdade, inovadores de sucesso geralmente são resultado de pessoas que aprenderam e recombinaram negócio, tecnologia e momento de implementação no mercado. Enquanto que ‘pioneirismo’ é diferente. Pioneirismo não significa necessariamente um negócio de sucesso (existiram 5 “youtubes” antes do YouTube e havia outros “dropbox” antes do Dropbox).
Mito 2: Grandes sucessos exigem grande quantidade de recursos financeiros e/ou intelectuais.
Falso!
Você sabia que a Cisco não possuía grandes recursos financeiros e seu primeiro produto foi criado pela necessidade de o casal de fundadores, namorados na época, de se comunicarem à distância?
Michael Dell fundou a Dell em 1984, aos seus 19 anos e com apenas mil dólares no bolso. Começou a vender computadores que ele mesmo montava em seu dormitório na universidade.
A academia Smar Fit nasceu de uma academia falida. O seu fundador, Edgard Corona, reconheceu ter feito tudo errado e decidiu mirar na experiência do cliente. Hoje você deve conhecer bem que a Smart Fit é um negócio de sucesso.
E então? Ficou convencido de que ter muitos recursos não é imprescindível?
Mito 3: Inovações radicais são sempre baseadas em alguma tecnologia extraordinária.
Falso!
Você sabia como as pessoas faziam pagamentos no Ebay? Eram feitos por meio de correspondência. Totalmente inacreditável para o que conhecemos hoje de e-commerce, não é mesmo?! Perceba que o valor do modelo de negócio o sustentou, afinal, não existia nada de tão tecnológico assim.
A Gilette revolucionou seu mercado criando um estojo que custava quase nada. Porém, a empresa obtinha receitas vultosas com a venda das lâminas descartáveis. Esse formato é bastante parecido com o de impressoras, que ganham bastante dinheiro com venda de cartuchos e tintas.
Pense em um modelo de assinatura por entrega de produtos. Sabia que isso já está sendo aplicado para várias utilidades de nosso cotidiano? Por exemplo, uma assinatura para receber ovos, manteiga e outros alimentos essenciais, na comodidade do lar. Não é maravilhoso? Ainda mais quando isso sai mais barato do que sair ao mercado, enfrentar fila e ainda pagar mais caro pelo item desejado.
Nem toda inovação precisa ser tecnológica para ser radical e mudar a forma como vemos o mundo. Faça o exercício de pesquisar um pouco mais e verá que já está usando uma inovação não tecnológica e nem tinha se dado conta.
3. Chegou a sua vez de inovar!
Prometi que iria desmistificar a inovação para você e provar que ela pode ser algo acessível a seu negócio, tamanho e contexto. Creio que consegui, mas você deve estar pensando. E agora? Saber que é possível não é a mesma coisa de saber fazer. Por onde eu começo?
Essa é a grande dúvida de todo empreendedor quando inicia um negócio ou pretende modificar o seu negócio para atingir o próximo patamar. Calma! Existem vários métodos que garantem que a inovação aconteça, para que você não dependa da sorte de ter ou não uma luz de criatividade em algum momento de inspiração.
Para inovar, além de uma mudança de cultura e mentalidade, claro, é preciso seguir sistematicamente os seguintes passos:
Iniciação: analise seu modelo de negócio (ou ideia), estando atento ao ambiente, isto é, fatores que rodeiam o modelo, como macroeconomia, mercado (clientes), tendências tecnológicas, tendências sócio-culturais, existência de fornecedores. Tente responder às questões básicas do tripé da inovação (que vimos há pouco): quem é seu público-alvo? Quais são as necessidades dele? O que você decidiu criar como solução para uma dessas necessidades? É viável comercializar essa solução? Você consegue criar ou contratar funcionários ou fornecedores que saibam criar tal solução?
Ideação: hora de buscar modelos semelhantes no mercado (pesquise o suficiente: nem pouco nem demais). Compare seu modelo com os que você encontrar e identifique padrões relativos aos elementos de modelo de negócios. Por exemplo, veja como eles se relacionam com os clientes, como é o mecanismo de receita deles etc. Desafie a lógica de seus primeiros pensamentos do passo 1.
Integração: junte as peças do quebra-cabeça que você encontrou e questionou no passo 1. Você questionou, certo?! Não esqueça de gerar questionamentos. A inovação nasce principalmente de perguntas como “por que?”, “como?”, “precisa ser assim?” e muitas outras. Após juntar, formule e gere um modelo para a sua ideia. Visualize se ela faz sentido.
Implementação: apresente seu modelo para pessoas próximas, mas que sejam pessoas que se importem mais com elas do que com você, pois você precisará de feedbacks sinceros (bem sinceros!). Peça para que encontrem as falhas de seu negócio. Ajuste o negócio conforme os feedbacks. Teste com clientes de modo controlado (pessoas conhecidas, para não comprometer o seu nome e imagem). Volte e ajuste novamente com os feedbacks desses clientes até que você esteja confortável para levar sua ideia ao mercado, para mais clientes que você nunca viu antes. Não demore muito, tenha certeza apenas de que você retornou a quantidade de vezes o suficiente para comprovar premissas críticas sobre o funcionamento de seu negócio. Demorar demais também não é saudável. Feito é melhor que perfeito!
E agora? Está pronto? Mãos a obra! Pense Grande! Steve Jobs conseguiu. Por que você não conseguiria?
Se quiser uma mãozinha, entre em contato.
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