EXPLORANDO A INOVAÇÃO NO DIA A DIA: UMA JORNADA PELO MUNDO DAS DECISÕES
Utopia, questão de tempo ou apenas mais uma onda?
Você já ouviu falar em “o método definitivo para inovar”, “5 passos para se ter uma ideia de 1 bilhão”, “método para resolver qualquer problema em 5 dias”, “como despertar a criatividade”, “10 passos para ser mais criativo” e coisas do tipo?
A impressão é de que estão todos tentando nos dar uma tomada mágica, onde ligaremos nosso cérebro e teremos a luz definitiva para inovar e sair na frente de todos os outros.
Nunca se perguntou por quê todos parecem falar um pouco sobre a mesma coisa? Criar, método, inovar, resolver problema, criar, método, inovar, resolver problema, criar e lá vamos nós de novo…
Todos eles têm uma coisa em comum: todos são frutos de técnicas de design.
Se você já fez um serviço com um designer, deve ter percebido que o primeiro passo dele foi procurar entender bem o que tem dentro da sua mente. Imagine um serviço para fazer a marca de sua empresa, por exemplo.
Por mais que ele seja um artista excepcional, o designer não trará uma criação individual, isto é, da cabeça dele. Ele primeiro te compreenderá e expressará isso na sua marca, no serviço entregue. Ah! Eu só usei um exemplo de design de marca porque é algo mais comum. Mas não esqueçamos que design nada tem a ver com arte, ok?! Veja o que disse Steve Jobs:
“Design não é forma, é função. O design é a alma fundamental das criações dos seres humanos e que se expressa nas várias camadas exteriores do produto ou serviço.”
Steve Jobs
Entendeu? A mentalidade do designer é voltada a sempre entender o que o cliente deseja antes de partir para a ação.
Conseguiu imaginar como essa cultura e mentalidade pode ser uma arma secreta no seu negócio para que você consiga finalmente combinar ‘empreender’ e ‘inovar’ sem atropelar a sua estratégia?
E mesmo algumas grandes empresas, que possuem tantos profissionais renomados, muitos recursos e dinheiro, além de infraestrutura, ainda não entenderam isso. Felizmente, não são todas elas. Algumas realmente não despertaram, mas outras sim.
Também está sofrendo um pouco para acompanhar toda essa inovação no mundo?
Mas isso tem uma explicação! Combinar Inovação e Negócios é como combinar céu e inferno, Vênus e Marte. Juntar os dois é como opostos que se atraem (ou se repelem) e, juntos, podem se tornar magia ou tragédia.
Vamos entender um pouco como funciona essa diferente forma de pensar entre os administradores, homens de planos de negócio, executivos tradicionais (analíticos) e os designers (experimentadores).
Foi posto um problema a duas equipes, uma de estudantes de MBA e outra de estudantes de design de produtos e serviços:
Como podemos imaginar e responder às mudanças que ocorrerão na forma como as pessoas dirigirão seus carros daqui a 10 anos?
E as equipes partiram em ação para resolver esse desafio.
A equipe de MBA provavelmente iniciará uma pesquisa de tendências de mercado: social, tecnológica, ambiental e política. Eles estudarão relatórios de entrevistas com experts da indústria e listam o que os principais concorrentes estão fazendo. Também preparão uma previsão e um conjunto de recomendações estratégicas, com retorno sobre o investimento (ROI) e cálculos do valor líquido presente (NPV). No fim, eles apresentarão tudo em uma reunião, com um PowerPoint®.
A equipe de designers provavelmente irá abordar o problema de modo diferente.
Eles começam uma pesquisa de tendências, similar à outra equipe. Mas eles a usarão para criar cenários de possíveis futuros ao invés de planilhas. Eles sairão a campo, visitando lojas de carros, famílias, compradores assíduos, colecionadores, empresas, sempre focando na experiência de dirigir dos clientes.
Provavelmente criarão diferentes personagens (personas) para os clientes entrevistados, visando criar uma empatia maior com eles e usarão os cenários para tentar entender quais são as mudanças provocadas nas vidas dos personagens criados, nos seus hábitos de dirigir e em sua experiência, ao longo dos próximos 10 anos.
Eles irão organizar uma sessão de brainstorming com o tema “como será dirigir no futuro”, convidarão amigos e pessoas de diferentes áreas de profissão e vão oferecer refrigerante, cerveja e pizza.
A informalidade ajudará a destravar a criatividade.
Eles usarão os cenários e personas como ponto de partida. No final, eles não apresentarão soluções, mas sim ideias e conceitos a serem testados, ou melhor dizendo, prototipados, com o objetivo de coletar feedbacks de seus reais clientes e colaboradores.
Essa é a diferença óbvia entre as duas formas de pensar, de estruturar o problema, de coletar dados e de apresentar os resultados. São diferenças tão cruciais que definirão totalmente as principais hipóteses iniciais e guiarão as decisões de cada passo e estratégia.
Essa história foi real. Um pouco adaptada, pois não eram estudantes e sim empresas reais. Foi a diferença entre a abordagem dos executivos da Nokia e dos jovens aventureiros da startup Waze. Os executivos da Nokia conseguiram convencer diversos investidores e a empresa comprou a Navteq, líder no mercado de câmeras rodoviárias. O objetivo era dominar o mercado de smartphones oferecendo uma tecnologia de mapas eficaz e ampla no mundo.
Porém, eles não contavam que a tendência era a colaboração de informações entre usuários de smartphones. O Waze aproveitou essa tendência e reduziu toda a gigantesca infrasestrutura de câmeras e radares da Navteq pelo mundo e se usou de um ativo muito mais numeroso e barato: as pessoas.
Após a perda da disputa no mercado, a Nokia perdeu um valor de empresa em mais de 130 bilhões de dólares. Sem falar que a compra da Naviteq custou cerca de 8 bilhões de dólares.
O Waze venceu a visão empreendedora da Nokia, com uma vantagem absurda, porque eles combinaram empreendedorismo e inovação, ao contrário da Nokia, que se restringiu a analisar dados do passado para construir o futuro.
Resultado: você conhece quantas pessoas que têm um Nokia hoje?
Esse é o maior objetivo de empresas que pretendem inovar: conseguir combinar essas duas competências. Juntas, ambas têm muito a oferecer para o sucesso de um negócio. Trabalhando juntos, eles conseguem agir rapidamente e com uma enorme redução de riscos para novas ideias de negócio, com os métodos ágeis e iterativos do design e a capacidade analítica dos executivos.
Negócios | Design | |
Ponto de partida | Análise objetiva e com racionalidade. A realidade é representada como algo fixo e quantificável. |
Experiência subjetiva. A realidade é representada como algo construído em resposta à sociedade. |
Método | A análise tem o objetivo de provar que a decisão tomada é a melhor. | A melhor resposta é encontrada através de ciclos de experimentos e aprendizados. |
Processo | Planejamento | Ação |
Como toma decisões | Lógica, modelos numéricos | Intuição, modelos experimentais. |
Valores | Busca pelo controle e estabilidade. Desconforto com incerteza. |
Busca pelo novo. Insatisfação com o status quo (mais do mesmo). |
Nível de foco | Ou é Abstrato ou é particular. | Alterna iterativamente entre abstrato e particular. |
Dessas perspectivas, é possível ver que a inovação requer uma mentalidade de rápidos aprendizados e forte empatia, isto é, ir entender o problema diretamente com o cliente.
Na inovação, você precisa necessariamente entender o cliente e suas motivações, agregar e gerenciar grupos heterogêneos (competências e experiências diferenciadas), buscar continuamente por evidências no mundo real e aprender a testar conceitos e ideias rapidamente a partir de experimentos. Enquanto isso, a gestão de um negócio requer outras habilidades, estas mais voltadas a controle, organização e lógica.
No entanto, no mundo atual de intensiva inovação, um negócio não se mantém por muito tempo no sucesso. E aí mora a necessidade de ter em conjunto essas duas grandes visões dentro de sua empresa.
Utopia, questão de tempo ou apenas mais uma onda?
Utopia, questão de tempo ou apenas mais uma onda?
reflexões sobre aprendizagem, (des) apendizagem e aquilo que parece errado ou certo de se aprender em diferentes momentos da vida.